Vermelho escreve-me adensamente

Vermelho escreve-me adensamente no corpo criado pelo sorriso de uma flor

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Para meditar

Parando pra sentir

Parado pra sentir

Sentir ir sentindo.

Parar ir pensando

Pensando parado em pensar.

Vendo o que penso.


Assim parado.

sábado, 18 de setembro de 2010

Chá Verde

Tiê

Composição: Tiê

Eu tentei evitar
Liguei a tevê
E deitei no sofá
Desde que haja tempo pra sonhar
E assuntos pra desenvolver
Não é muito fácil desligar

Me dá pena do meu chinês
Por ele eu passava o dia inteiro
A meditar
Bebendo chá verde ele me diz
"Fica feliz que vai funcionar"
Mas eu tô feliz,
Eu juro pelo meu irmão
O saldo final de tudo
Foi mais positivo que mil divãs

Por isso que não adianta
Querer julgar
É cada um por si
Na sua
Própria bolha de ar
Mas o que eu penso mesmo
É encontrar alguém que me dê carinho e beijo
Me trate como um nenêm,
Me trate muito bem
Ah, eu só quero amor
Seja como for o amor
Seja bom, seja bom,
Seja bom, seja amor
Me faz mais feliz
Me dá asas pra fluir
E cantar o amor

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

reinvento

de ventanias me desfaço em pés descalços vou voar
num pé de manga vou deita e cantar pro Sol dormir

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Gosto

Mesmo que seja eu

Sei que você fez os seus castelos
E sonhou ser salva do dragão
Desilusão meu bem
Quando acordou estava sem ninguém
Sozinha no silêncio do seu quarto
Procura a espada do seu salvador
Que no sonho se desespera
Jamais vai poder livrar você da fera
Da solidão
Com a força do meu canto
Esquento o seu quarto pra secar seu pranto
Aumenta o rádio me dê a mão
Filosofia é poesia é o que dizia a minha vó
Antes mal acompanhada do que só
Você precisa de um homem pra chamar de seu
Mesmo que esse homem seja eu
Um homem prá chamar de seu



Agosto por ser assim é bom para pensar, talvez por que ele próprio com todos os seus tons nos faça sentir esse gosto do amargo e do doce juntos no fundo da garganta. Essas funduras que só um gosto refinado sente quanto mais se busca não sentir. E quanto menso se espera mais se pode gozar do privilégio da surpresa.

Ao contrário de aceitar as predições,
vou desenhando nesse céu sem nuvens meus desejos e vou contando de outros reinos pra ver se ele se encanta e escolhe minha casa para aconchego. encantando o agosto meu.


Mas aí vem outros gostos e percebo que o agosto de cada um me toma o paladar e revira minha vida, sempre. Gosto do agosto manchado desses gostos peculiares que espero inconscientemente todos os anos. Então que venham e que eu os multiplique em gostos distintos e desfeitos.

Desafio o agosto a ser só um e voltar todos os anos para reinar na minha boca.

domingo, 25 de julho de 2010

Pequeno conto de julho

O vento de julho despenteou um pouco os cabelos dele. De costas para o outro, rosto voltado para o escuro, braços abertos. como se dançasse. E foi dizendo, a cara erguida pra o céu coberto de fuligem molhada pelas gotas da garoa fria.
"In Tiângulo das Águas, Caio Fernando Abreu - Pela Noite"

Ele nem ao menos imaginava o que eu fazia olhando para o céu de forma tão suplicante?

Ausente dos meus pensamentos talvez me visse indiferente na perdição de estrelas.
Me perdia nas noites em que fazíamos amor e desejava que nos misturássemos àquele azul e que fossêmos céu, mais em mais.
Jogados no breu da noite, era isso que éramos. Se ele pudesse jogar uma estrela e cair em mim, cairia cadente da janela e dançaria feito chuva tilintando no asfalto.
Ele, não adivinhava. Nunca adivinhou. Se a chuva falasse por mim.Mas perco a boca da chuva quando sua água limpa encontra meus lábios frios. Danço o compaso da água por que sei que ela me alcança, e assim eu alcanço o céu

E mais uma vez me entrego ao breu e soo chuva na janela rasgando notas soltas de uma música minha.

sábado, 17 de julho de 2010

Blues

Caetano Veloso

Tem muito azul em torno dele
Azul no céu azul no mar
Azul no sangue à flor da pele
Os pés de lótus de Krishna

Tem muito azul em torno dela
Azul no céu azul no mar
Azul no sangue à flor da pele
As mãos de rosa de Iemanjá

Os pés da Índia e a mão da África
Os pés no céu e a mão no mar
Aproveitar o pulso dos instantes. Saborear a plataforma em que a consciência deseja atirar-se para além do que vê. O ultimato do pensamento pulsante que exige a transposição das vias comuns, a elasticidade dessa capacidade de multiplicar as raízes e asas do esvoaçar de idéias. Transpassada pela vastidão de sentido que um átomo de segundo pode carregar.

Transpassar o acontecimento pelo acontecimento

domingo, 10 de janeiro de 2010

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Coisa-Pérola

A própria beleza é uma coisa pérola que pode ser definida como dura abstração (obtenção) diária. Faz-se singela, delicadamente, nos dedos de quem cuida da própria pérola e suaviza a dor da obtenção da pérola alheia. Ai como o fundo das coisas nos incomoda... E por quê? Por que nos negamos a vasculhar o infinito do outro, de nós?

Corpos solitários desejando encontros é isso que somos.
Ah não, mas não permito estar longe. Certamente o mais desligado olhar volta-se e faz-se presente. A menos que esteja desligada do mundo para receber carinhos e abraços sinceros. Pois, saio de mim e dou- te um abraço de boas vindas novamente.Mais uma vida recomeça.